A ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NO LUTO PERINATAL: UMA QUESTÃO TEÓRICO-PRÁTICA
Palavras-chave:
Luto perinatal, Psicologia, Psicologia da saúdeResumo
O luto perinatal ocorre a partir da perda por óbito fetal ou do recém-nascido, afetando a mulher de diferentes formas, segundo a literatura, e repercutindo em sentimentos de culpa, tristeza, angústia, solidão, desamparo, frustração, raiva e hostilidade. É de suma importância evidenciar que o intenso sofrimento psíquico diante da perda do bebê (real ou imaginário) pode abrir caminhos de estados depressivos para a mulher assim como afetar também o contexto familiar como um todo. Além disso, o luto perinatal pode ser considerado um luto não reconhecido uma vez que não há validação e reconhecimento da existência do bebê falecido acarretando em dificuldades no reconhecimento social, cuidado e suporte necessário aos que sofrem com tal perda. Atitudes da rede de apoio e de profissionais de saúde, como não dar relevância aos sentimentos, expectativas e significados que podem estar atribuídos a esse momento, podem dificultar a elaboração do luto e não o ter como legítimo, acarretando uma complicação e agravamento desse processo. O profissional psicólogo inserido em um hospital maternidade entra em contato com diversas demandas, dentre elas as que surgem em consequência da perda por óbito fetal e neonatal. O presente trabalho consiste em um ensaio teórico parte componente de um estágio supervisionado específico em Psicologia Hospitalar, para responder à questão: Como a Psicologia pode auxiliar mulheres que passam por essa experiência? A inquietação pela pergunta surgiu ao longo do estágio supracitado no decorrer do semestre de 2023/1, o estágio se constitui como uma experiência formativa importante ao desenvolvimento de competências profissionais necessárias ao futuro psicólogo. Amparados pela teoria da psicologia da saúde e hospitalar, foram encontradas algumas possibilidades de atuação, sendo as principais: acolhimento e disponibilização de uma escuta ativa pelo profissional da psicologia presente no âmbito hospitalar, viabilizando a expressão do luto da família. Nesse sentido, cabe ao psicólogo da saúde, ao se deparar com a demanda do luto no ciclo gravídico-puerperal, dispor de uma atuação ética que considere as dificuldades e a complexidade das perdas ocorridas nesse período, buscando ainda apropriar-se das teorias e técnicas que podem auxiliar na elaboração do luto. Nota-se portanto, a importância de proporcionar uma escuta qualificada que facilite a expressão das emoções da mulher e da família considerando o desejo dos pais acerca da realização de rituais de despedida ou funerários. A promoção, sensibilização e ressignificação de estigmas em torno da maternidade e da morte, dentro de instituições hospitalares, pode ter efeitos psicoprofiláticos, promovendo maior acolhimento e redução de vulnerabilidade e riscos à saúde psíquica dessas mulheres e famílias.