A DIFICULDADE NA COMPREENSÃO EM TORNO DOS CUIDADOS PALIATIVOS E O PAPEL DA PSICOLOGIA PARA EFETIVAÇÃO DESSA MODALIDADE DE CUIDADO
Palavras-chave:
Cuidados Paliativos, Psicologia, MorteResumo
Cuidados paliativos consiste em uma abordagem multiprofissional de cuidados a pacientes sem perspectivas curativas para seu quadro clínico. Nessa modalidade de tratamento o foco está em promover qualidade de vida enquanto houver vida, o que requisita uma reorganização das práticas no tocante ao paciente, sua família e a própria equipe, reorganização que eleva os cuidados para além de um olhar à doença. Nesse contexto, as prioridades do paciente passam a ser priorizadas também em seu cuidado pela equipe de saúde. O profissional psicólogo compõe a equipe mínima de cuidados paliativos, sendo necessário que este, junto a outros profissionais se empenhe no processo de humanização do cuidado e tenha clareza acerca do conceito de cuidados paliativos e suas práticas. Equívocos acerca da compreensão em torno dos cuidados paliativos são comuns. Pacientes e familiares frequentemente podem entender a entrada dessa terapêutica como um abandono ao paciente, e o profissional que adentra o campo da Saúde comumente sente-se responsável pela manutenção da vida do paciente, enxergando a morte como fracasso e portanto, empenhando-se em evitá-la a todo custo, o que pode favorecer uma redução da prática em saúde voltada à cura da doença, insistência em procedimentos invasivos, e um abandono por parte da equipe quando esta percebe não haver mais perspectivas curativas. Nesse sentido, amparados pela teoria da Psicologia da Saúde e Hospitalar o presente trabalho busca, por meio de um ensaio teórico, debater o papel do psicólogo na sensibilização e ampliação de olhar da equipe no tocante a concepção em torno dos cuidados paliativos, assim como abordar o papel da Psicologia junto a família e pacientes inseridos nessa terapêutica. Acreditando que a dificuldade relacionada a compreensão dos cuidados paliativos inclui pensar sobre a morte, entende-se como necessário que o profissional psicólogo trabalhe com todos os envolvidos em prol de uma efetivação e compreensão ampliada acerca dessa modalidade de cuidado, ou seja, que atue junto a pacientes, familiares e profissionais, favorecendo um espaço de acolhimento e reflexão acerca das dificuldades com as quais se deparam. Maria Julia Kovács aborda a ideia de educação para morte que consiste em abrir vias para uma comunicação acerca do processo que envolve a morte e o luto. Nesse sentido, os autores do presente trabalho enxergam a possibilidade de uma atuação por meio de práticas diversas com a equipe a partir de grupos reflexivos em torno da temática, estudos de casos para construção de projetos singulares de cuidado, espaços de escuta e acolhimento, etc. Já com pacientes e acompanhantes verifica-se que o profissional pode prestar suporte direto pela escuta e acolhimento às angústias, articulando espaços de troca entre a equipe, os pacientes, e familiares que possam favorecer a boa comunicação entre os envolvidos e a compreensão das decisões relacionadas à terapêutica indicada, pode também fazer a mediação de conflitos, estabelecer vínculos de confiança para trabalhar uma ressignificação em torno da morte como um processo natural da vida, e atuar fazendo psicoeducação acerca dos procedimentos relacionados aos cuidados práticos junto ao paciente.