A HISTORIOGRAFIA DA IMPLEMENTAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO MUNICÍPIO DE VÁRZEA GRANDE
Palavras-chave:
Historiografia, RAPSResumo
O presente artigo estuda, a partir da perspectiva psicossocial, a historiografia da implementação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no município de Várzea Grande, um município de médio porte, localizado no estado de Mato Grosso, e quais são os desafios contemporâneos encontrados na rede. Tal temática foi selecionada considerando sua relevância para a compreensão do percurso da saúde mental e a falta de material a seu respeito. Têm-se como objetivo analisar, a partir dos relatos dos principais atores participantes, como se deu a implementação e a consolidação da RAPS em Várzea Grande. Foram realizadas, como suporte metodológico, quatro das seis entrevistas semiestruturadas pretendidas, exploradas a partir da análise do discurso de Michel Foucault, da literatura de Paulo Amarante e nas portarias que instituem e estabelecem a RAPS no Brasil, que oferecem uma revisão da trajetória da loucura e de suas práticas de cuidado. Como resultados parciais, evidencia-se que a RAPS foi introduzida em Mato Grosso pelo município de Várzea Grande com o CAPS da região, por meio de um incentivo estadual e da participação de trabalhadores sensíveis ao recorte do cuidado desinstitucionalizante em saúde mental. Dos desafios enfrentados no decorrer do processo de implementação, permaneceram aqueles relacionados às condições de trabalho (remuneração, estrutura física precária e qualificação dos trabalhadores) e às reivindicações da luta antimanicomial, como a oposição à medicalização da vida. Tendo isso em vista, conclui-se, por hora, que o processo de implementação de certos dispositivos da RAPS, no município, encontram reveses similares aos vivenciados agora em sua manutenção, evidenciando a necessidade do caráter permanente da luta antimanicomial, visando a garantia dos direitos de cuidado aos sujeitos em sofrimento psíquico.