HISTÓRIAS SILENCIOSAS: GRUPO DE OUVIDORES DE VOZES NO CONTEXTO DO CAPS AD
Palavras-chave:
Grupo, Saúde Mental, ouvidores de vozesResumo
O fenômeno das vozes auditivas, intrínseco a diversos transtornos psicóticos, constitui uma esfera desafiadora. No contexto específico dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), emerge uma abordagem humanizada por meio dos grupos de ouvidores de vozes. Ao longo da história, as oficinas terapêuticas têm conferido diversas perspectivas à experiência de ouvir vozes. O grupo, enquanto um espaço coletivo, emerge como ambiente propício à partilha de vivências vinculadas a um sofrimento subjetivo. Os participantes articulam discursos que singularizam tais experiências, ressaltando a compreensão mútua oriunda de experiencias similares. A identificação das crenças proporciona insight sobre a relação do indivíduo com as vozes, contribuindo para a compreensão desse fenômeno. Estes instrumentos desempenham papel crucial na restauração da autoestima, fortalecimento de vínculos, compreensão recíproca e delineamento de estratégias para enfrentar as vozes. É crucial sublinhar que abordar a experiência de ouvir vozes não implica na medicalização do indivíduo com o objetivo de alcançar a cura e suprimir as vozes. Em vez disso, estratégias de enfrentamento, como a psicoeducação, emergem como abordagens fundamentais. O foco reside na promoção da compreensão do fenômeno auditivo e na oferta de informações pertinentes, proporcionando ao sujeito ferramentas para lidar construtivamente com suas vivências, sem buscar uma eliminação absoluta das vozes. É importante notar que a experiência de ouvir vozes é altamente variável e pode ser influenciada por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais. A compreensão completa desse fenômeno complexo ainda é um desafio em andamento na pesquisa científica e na prática clínica. Sobre resultados esperados para um grupo de ouvidores de vozes, podem variar amplamente dependendo de vários fatores, incluindo a natureza das vozes, o contexto cultural e social, e a abordagem terapêutica. Por isso, o grupo torna-se um espaço para fortalecimento oferecendo, alívio dos sintomas, uma melhor compreensão das vozes, autonomia do sujeito, desvincular a escuta de vozes de estigmatizações patológicas, facilitar a troca de informações entre aqueles que experienciam esses fenômenos, descentralizar a abordagem do cuidado, estabelecer redes de apoio, combater preconceitos associados à saúde mental, compreender o processo de aprendizagem emocional frente às vozes, reconhecer a dimensão social na experiência do sujeito que as vivencia e fornecer um local para desenvolvimento de habilidades de enfrentamento. É importante lembrar que os resultados podem variar de pessoa para pessoa, e a abordagem terapêutica e o suporte fornecidos pelo grupo desempenham um papel fundamental na determinação dos resultados alcançados. Além disso, muitas vezes é aconselhável que a participação em um grupo de ouvidores de vozes seja complementada por tratamento individual, quando necessário, com um profissional de saúde mental. Os encontros do grupo serão realizados semanalmente no período vespertino, com cerca de 1h30. Durante sua realização, contara com um momento destinado a diálogo livre e grupal sobre assuntos que sejam de interesse dos sujeitos, todo o encontro será em roda de conversa para que os sujeitos possam se expressar, como também serão guiadas
pelos estagiários.