RELATO DE EXPERIÊNCIA EM ESTÁGIO DE PSICOLOGIA HOSPITALAR: VIVÊNCIA EM ONCOLOGIA
Palavras-chave:
Psicologia Hospitalar, Psico-Oncologia, CâncerResumo
O presente trabalho tem por objetivo relatar e discutir a experiência de Estágio Supervisionado Específico em Psicologia Hospitalar, que ocorreu durante 2023/1, em uma clínica oncológica na cidade de Cuiabá-MT. Na experiência citada foram realizados 32 atendimentos e intervenções acerca do processo saúde-doença. A prática se deu embasada nas teorias da Psicologia Hospitalar e da Psico-oncologia, que surgiu como uma área multiprofissional, com o intuito de auxiliar pacientes diagnosticados com câncer, a encontrarem formas de lidar com o sofrimento decorrente do diagnóstico recebido, assim
como também proporcioná-los uma maior qualidade de vida. Apoiada nos estudos de Simonetti (2016), a psicologia hospitalar se concentra em analisar as perspectivas psicológicas que cercam a doença e também compreender os aspectos psicológicos de
todos os envolvidos no cenário de adoecimento (paciente, rede de apoio e equipe de saúde), lidando assim com a doença no registro do simbólico, visto que a medicina já lida com o registro do real. Em relação à equipe, a Psicologia pode auxiliar por meio de práticas com enfoque na prevenção de adoecimento desse público que segundo a literatura são afetados direta e indiretamente pela morte e conflitos institucionais constantes nesse cenário. O estágio ocorreu entre março e junho de 2023, por meio principalmente do levantamento de demandas a partir de uma busca ativa da estagiária. A fim de trabalhar com todos os envolvidos, como indica a teoria, a aluna buscou aproximar-se da equipe, dos pacientes e familiares em visitas, acolhimento nas salas de espera, sala de quimioterapia e interconsultas. A partir da interação com a equipe notou-se necessário entender como eles se relacionavam com a própria profissão, com o âmbito do trabalho e com a prática de cuidado. Nesse sentido foi realizada a aplicação de um formulário online com intuito de verificar indicadores de risco de adoecimento como burnout, assim como
propor futuras intervenções psicológicas. Da aplicação deste formulário, foram identificadas as principais demandas: desgaste emocional e preocupação excessiva em relação ao trabalho, insônia e irritabilidade. No tocante à prática com pacientes e familiares, foi possível observar que o diagnóstico de câncer é vivido como um momento de angústia e ansiedade relacionado ao estigma social que atrela câncer à morte. Foram também identificados que alguns fatores auxiliaram os pacientes em uma possível ressignificação de sua relação com o câncer: espiritualidade, religião, boa relação com a equipe e apoio familiar. Ademais, a literatura aponta que o atendimento psicológico é também fundamental no âmbito do suporte a pacientes oncológicos, mais especificamente, em tratamento quimioterápico - dado as alterações na autoimagem e no valor de autorreferência que esse procedimento pode ocasionar, para que seja possível compreender como esse tratamento afeta esse paciente e como ele se organiza, quais recursos possui para lidar com essa situação. Além disso, o psicólogo oferece um espaço para o paciente pronunciar-se sobre sua experiência e, assim, permitir que ele se reestruture e enfrente a doença da melhor maneira que lhe é possível.