DEFEITOS CONGÊNITOS DA PAREDE ABDOMINAL: ESTUDO EM RECÉM-NASCIDOS DO MATO GROSSO
Resumo
Dos defeitos da parede abdominal congênita, os mais prevalentes são a gastroquise e a exonfalia, ou onfalocele, sendo ambas etiologias ainda mal compreendidas. A onfalocele é a externalização do intestino, e ocasionalmente de outros órgãos, coberta por um saco membranoso através da base do umbigo na linha média. Já na gastroquise, esses órgãos são externados sem qualquer membrana de proteção e com localização, muitas vezes, à direita do cordão umbilical. Devido a esse contato com o líquido amniótico, os intestinos nesta doença são danificados, enquanto na onfalocele sua morfologia e funcionalidade são, geralmente, preservadas. Objetivo: Identificar o número de casos de internações relacionados a defeitos congênitos da parede abdominal, sem distinção de sua forma de apresentação, no Mato Grosso, no período de 2014 a 2023. Métodos: Foi realizado um estudo descritivo utilizando dados do sistema de internações hospitalares (SIH) do repositório de dados da Secretaria de Saúde de Mato Grosso (Dwweb SES MT). Foram analisados os dados de internações por defeitos congênitos da parede abdominal entre 2014 e 2023. As variáveis selecionadas foram o ano da internação, óbito associado, procedimentos realizados, especialidade, diagnóstico principal, caráter da internação, faixa etária e sexo. A análise descritiva foi realizada utilizando frequências e porcentagens. Resultados: Foram registradas 49 internações relacionadas a defeitos congênitos abdominais no Mato Grosso durante o período do estudo. A maior ocorrência foi no ano de 2021 (20,41%), sendo 48 casos de Gastrosquise e apenas 1 de Exonfalia. A faixa etária mais acometida foi a de 0 a 6 dias, representando 79,59% dos casos. Diante disso, a maioria dos atendimentos ocorreu nos setores de Pediatria (61,22%) e Clínica Cirúrgica (30,61%). Vale ressaltar que, entre os pacientes, 28 eram do sexo feminino e 21 do sexo masculino. O perfil das internações se caracterizou pela alta prevalência de casos de urgência e emergência (95,92%). Entre os procedimentos realizados, 53,06% foram clínicos e 46,94% cirúrgicos. Por fim, a mortalidade associada às internações foi de 18,37%. Conclusão: O estudo identificou 49 internações por defeitos congênitos da parede abdominal em recém-nascidos, majoritariamente em caráter de urgência. O tratamento foi predominantemente cirúrgico e a alta mortalidade destaca a necessidade de medidas urgentes para melhorar o tratamento e o acompanhamento desses pacientes.