ANÁLISE DA INCIDÊNCIA E MORTALIDADE DO CÂNCER DE COLO UTERINO NO BRASIL: IMPACTOS DA PANDEMIA DO COVID-19 E A NECESSIDADE DE ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

Resumo

O Papilomavírus Humano (HPV) é o vírus responsável pela infecção sexualmente transmissível mais comum globalmente. Sua transmissão ocorre principalmente por contato sexual, sendo uma infecção na maioria das vezes assintomática. Ele está relacionado ao surgimento de diversos tipos de cânceres em todo o mundo, como o câncer de colo uterino. Objetivo: Analisar a incidência e a mortalidade do câncer de colo uterino no Brasil entre 2019 e 2023, com ênfase nos impactos da pandemia de COVID-19, na realização de exames citopatológicos e discutir a necessidade de estratégias de prevenção, educação sexual e vacinação contra o HPV. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional descritivo, obtido por meio da análise de dados coletados, entre 2019 e 2023, no Departamento de Informática do Sistema único de Saúde (DATASUS), Ministério da Saúde e pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) relacionados às notificações de casos com alterações na colpocitologia oncótica relacionada ao HPV e casos confirmados de câncer de colo de útero de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Resultados: No ano de 2023, foram estimados 239.430 novos casos de câncer em mulheres, exceto tumores de pele não melanoma, dentre os quais 17.010 foram de colo de útero (7,0%), o terceiro tipo de neoplasia maligna mais incidente entre as mulheres no Brasil, sendo o mais incidente na região Norte em taxas brutas (27,53/100 mil) e o segundo mais incidente na região Nordeste (13,75/100 mil). Em relação às internações e complicações por essa patologia, entre os anos de 2019 e 2022, houve um aumento na incidência de 10,4% no Brasil associado a um declínio na realização dos exames citopatológicos do colo do útero por mulheres no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no ano de 2020 em consequência da pandemia do covid-19. No que tange a mortalidade, foram registrados 2.786 óbitos em 2023, havendo um aumento de 5,5% desde 2020. Conclusão: Em síntese, a elevada incidência do câncer de colo uterino entre as mulheres no Brasil destaca a necessidade de implementação de campanhas de prevenção, educação sexual e vacinação contra o HPV, além de ampliar a realização dos exames de Papanicolau nos hospitais e nas unidades de saúde, com um enfoque maior nas regiões Norte e Nordeste que apresentam uma maior prevalência dessa doença.

Palavras chaves: Câncer de colo uterino; Epidemiologia; Papilomavírus.