HIPÓXIA INTRAUTERINA NO MATO GROSSO: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA ENTRE 2018 E 2023
Palavras-chave:
Hipóxia intrauterina, Mortalidade, Óbito fetal, Crianças, Mato GrossoResumo
A hipóxia intrauterina, também denominada asfixia perinatal, caracteriza-se pela inexistência de fornecimento de sangue e, consequentemente, pela interrupção das trocas gasosas para os diversos órgãos e tecidos do recém nascido. Segundo dados levantados pela Sociedade Brasileira de Pediatria, mais de dez mil RN sem má formações ou baixo peso vieram a óbito nas primeiras 24 horas de vida devido a hipóxia intrauterina. Apontada como uma das principais causas de óbito entre neonatos no Brasil, a asfixia ao nascer pode acarretar sequelas como a paralisia cerebral, a encefalopatia hipóxico-isquêmico e até mesmo a morte perinatal devido à carência de suprimento de oxigênio. Citada na Lista Brasileira de Causas de Morte Evitáveis (LBE), é uma situação facilmente evitável mediante ações de atenção a mulher durante a gestação, o que revela falhas no acompanhamento pré-natal. Método: Foram coletados dados de internações do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS) conforme o CID dos grupos: P20.0 (hipóxia intrauterina diagnosticada antes do início do trabalho de parto), P20.1 (hipóxia intrauterina diagnosticada durante o trabalho de parto e o parto) e P20.9 (hipóxia intrauterina não especificada), além de dados do Repositório de dados dos Sistemas de Informação da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (DwWeb / SES – MT). Resultados: Entre os anos de 2018 e 2023, foram identificados 640 casos de hipóxia intrauterina no estado em questão, sendo 76% dos pacientes residentes de Cuiabá e de Várzea Grande. Foram constatados um total de 221 óbitos, dos quais 91,8% foram encaminhados para a UTI. Em termos de sexo, 53,3% dos óbitos foram de pacientes do sexo masculino, apesar de possuir significativa relevância. A análise da raça revelou que 95,6% eram pretos ou pardos e que 96,8% dos óbitos ocorreram nesse grupo. O valor médio gasto para cada internação por hipóxia intrauterina foi de R$ 9.913. Conclusão: O predomínio significativo de hipóxia intrauterina se fez presente nos cuiabanos e várzea-grandenses do sexo masculino e da raça preto e pardo. A análise revelou vulnerabilidade social, com maior impacto em minorias raciais. Implementar protocolos específicos para diagnóstico, principalmente na atenção terciaria, visto que 205 pacientes que morreram passaram antes pela UTI, e tratamento precoce é crucial para reduzir a mortalidade e melhorar os desfechos clínicos, especialmente em populações desamparadas.
Palavras-chave: Hipóxia intrauterina; Mortalidade; Óbito fetal; Crianças; Mato Grosso.