MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS EM CRIANÇAS NASCIDAS EM REGIÕES AGROPRODUTORAS DO ESTADO DE MATO GROSSO
Resumo
Introdução: O Brasil é um dos cinco maiores produtores de grãos do mundo atualmente, para atingir tal feito o uso de insumos agrícolas como sementes transgênicas e defensivos agrícolas se tornou essencial. No entanto, as consequências da utilização de agrotóxicos em larga escala não estão sendo consideradas, seja na poluição do solo, do lençol freático, na saúde dos trabalhadores do campo ou no bem-estar dos moradores próximos às áreas agroprodutoras. Foram utilizados mais de 300 mil toneladas de agrotóxicos no país, sendo o Mato Grosso um dos cinco estados que mais os utilizam para a produção de monoculturas no cultivo de soja, milho e algodão. Observou-se que recém-nascidos de gestantes expostas a agroquímicos durante o período periconcepcional apresentavam mais ocorrências de malformações congênitas em relação aos demais. Diante dos fatos expostos, o objetivo deste estudo é descrever a ocorrência de malformações em crianças nascidas em regiões agroprodutoras do estado de Mato Grosso. Métodos: Tratou-se de um estudo ecológico descritivo, retrospectivo e do tipo longitudinal, realizado com dados secundários do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos e do Instituto de Defesa Agropecuária do Mato Grosso durante os anos de 2019 a 2022. Resultados: Os resultados não constataram relações significativas entre cidades agroprodutoras e uma maior ocorrência de malformações congênitas, pois não houve discrepância entre os resultados do grupo dos municípios com baixa e alta quantidade de uso de agrotóxicos. Há a possibilidade de ser uma falácia ecológica, haja vista que uma observação encontrada em agregados não significa, obrigatoriamente, que a mesma associação ocorra a nível de indivíduos. Conclusões: Estudos populacionais apresentam limitações, pois não necessariamente dados populacionais correspondem aos indivíduos, expondo a demanda por outras abordagens metodológicas sobre o assunto. Assim, os resultados obtidos demonstram a necessidade de aprofundar estudos investigando essa problemática, particularmente utilizando outras abordagens metodológicas que perpassam análises a nível populacional. No entanto, a implementação de medidas informativas quanto à exposição a agentes químicos não é contrariada, como também, a realização de vigilância em saúde com trabalhadores e moradores de regiões com alta incidência de agrotóxicos, especialmente gestantes, deve ser estimulada pois os efeitos teratogênicos ainda são observáveis.