JEJUM PROLONGADO E METABOLISMO CARDÍACO: DESAFIOS DO CICLO DE RANDLE NA COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS ENERGÉTICAS

Autores

  • Renata Sauer Bueno
  • Pedro Henrique de Paula Godoi
  • Thiago Penachioni Pinheiro
  • Carlos Eduardo Jorge Sena
  • Wyser Barros Auerswald
  • Ione Cristina de Souza
  • Frhancielly Shirley Souza Sodré

Resumo

Introdução: Desde o século passado o jejum tem sido utilizado em estudos de controle de peso, prevenção e tratamento de doenças. No entanto, privação de alimento por longos períodos de tempo pode provocar diversas alterações fisiológicas, comportamentais e metabólicas. Um exemplo disso é a intensa lipólise, observada em diversos estudos, que revelaram o fenômeno de diminuição da insulina plasmática e aumento nos níveis circulantes de ácidos graxos. Randle et al. (1963) propuseram o “ciclo ácido graxo-glicose”, ou ciclo de Randle, descrevendo que a maior disponibilidade de ácido graxo reduz a oxidação de glicose. No músculo cardíaco, em condição de jejum prolongado, o princípio proposto por Randle não foi testado. Objetivo: Investigar os efeitos do jejum de 48 horas no metabolismo do músculo cardíaco. Método: Ratos Wistar, com cerca de 60 dias de vida, foram separados aleatoriamente em dois grupos: jejuados por 48 h (grupo experimental) e alimentados (grupo controle). Após eutanásia os corações foram coletados e homogeneizados em tampão de extração (pH 7,4) contendo: 50 mM de Tris-HCl, 1 mM de EDTA, coquetel de inibidor de protease e TritonX100 1%. A dosagem de ATP e a atividade máxima das enzimas hexoquinase (HK), fosfofrutoquinase 1 (PFK1), piruvato quinase (PK) e carnitina palmitoil transferase I (CPTI), foram determinadas por reações enzimáticas a 25ºC utilizando espectrofotômetro SpectraMax Plus. O protocolo experimental foi aprovado pelo CEUA, certificado nº 93/2016.   Resultados: A atividade máxima das enzimas HK, PFK1, PK e CPT1 aumentaram significativamente no músculo cardíaco dos animais jejuados, quando comparados com animais não jejuados. Também houve aumento da concentração de ATP e esse aumento foi de 29% em relação ao grupo controle. Mesmo tratando-se de um período de completa privação alimentar, passando o organismo a depender somente de substratos endógenos, o jejum de 48 horas não inibiu os processos geradores de ATP no músculo cardíaco, ao contrário, curiosamente promoveu elevação. Além disso, tanto o potencial oxidativo de ácidos graxos quanto o potencial glicolítico parecem estar aumentados. Conclusão: No músculo cardíaco, durante jejum prolongado, o princípio do ciclo de Randle é falho, não ajudando a explicar as preferências metabólicas do coração. Nessa condição específica o aumento da oxidação de ácidos graxos não inibe alostericamente a via glicolítica. Outros mecanismos, portanto, devem estar regulando o metabolismo cardíaco durante o jejum prolongado e precisam ser investigados. 

Palavras-chave: jejum; metabolismo; músculo cardíaco.

Downloads

Publicado

28-11-2024

Como Citar

Bueno, R. S., Godoi, P. H. de P., Pinheiro, T. P., Sena, C. E. J., Auerswald, W. B., Souza , I. C. de, & Sodré, F. S. S. (2024). JEJUM PROLONGADO E METABOLISMO CARDÍACO: DESAFIOS DO CICLO DE RANDLE NA COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS ENERGÉTICAS. Anais Da Mostra Científica Do Programa De Interação Comunitária Do Curso De Medicina, 7. Recuperado de https://periodicos.univag.com.br/index.php/picmed/article/view/2789