EPIDEMIOLOGIA DA INTOXICAÇÃO EXÓGENA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: UMA AVALIAÇÃO LONGITUDINAL DE 2018 A 2023
Resumo
Introdução: Devido a vulnerabilidade das crianças aos diversos tipos de acidentes, necessita-se da atenção da saúde emergencial no país, para orientar e minimizar os resultados destes. Dentro desse viés, as intoxicações se registram como uma das maiores causas de acidentes e mortalidade infantil, sendo elas diversas e muito vinculadas aos espaços ao qual essas crianças estão inseridas. Observa-se essas intoxicações como principal causa de atendimento na emergência pediátrica, o que reverbera sua necessidade de discussão. Objetivo: Avaliar os aspectos epidemiológicos sobre intoxicação exógena em crianças e adolescentes em Mato Grosso de 2018 a 2023, identificando padrões de incidência e fatores de risco associados. Métodos: Conduziu-se um estudo epidemiológico, descritivo e transversal para analisar os casos de intoxicação exógena entre crianças e adolescentes no Mato Grosso, de janeiro de 2018 a dezembro de 2023. Os dados foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e analisados com o software EPI INFO. Resultados: Foram notificados 3018 casos de intoxicação exógena, sendo que 63% (n=1102) foram provocados pela ingestão de plantas tóxicas e 41% (n=1178) estiveram relacionados a tentativas de suicídio. Dos casos totais, 43% (n=1301) envolveram adolescentes entre 15 e 19 anos e 91% (n=2534) ocorreram na residência das vítimas. Em relação ao perfil das vítimas, 62% (n=1895) eram do sexo feminino, 63% (n=1826) eram pretos ou pardos e 65% (n=1970) eram residentes do interior do estado. Além disso, notou um aumento de 80% dos casos ao comparar 2018 (n=381) com 2023 (n=686) Conclusão: Dessa maneira, os dados apresentados revelam um panorama preocupante sobre a intoxicação exógena em crianças e adolescentes no estado do Mato Grosso, especialmente entre os adolescentes de 15 a 19 anos. A predominância de casos ocorrendo no ambiente doméstico e a alta incidência de tentativas de suicídio entre os jovens sublinham a necessidade de medidas preventivas mais eficazes, como campanhas de conscientização voltadas para o ambiente familiar e o acesso a substâncias tóxicas. A vulnerabilidade de grupos específicos, como meninas, pessoas negras e residentes de áreas rurais, destaca a importância de políticas públicas focadas na equidade de saúde. O aumento expressivo de casos ao longo dos anos reforça a urgência de intervenções tanto no campo da saúde pública quanto no âmbito educacional, para reduzir a exposição a riscos e promover o bem-estar infantil e juvenil.
Palavras-Chave: Intoxicação; Crianças; Adolescentes; Suicídio; Epidemiologia.